O Sacrifício
- 15 de out. de 2020
- 2 min de leitura
O que é o sacrifício? Se perguntarmos o significado dessa palavra para dez pessoas, é muito provável que encontremos pelo menos quatro concepções para ela. Algumas pessoas, que acredito não serem maioria, têm uma concepção negativa e acreditam que sacrificar-se é uma coisa ruim.
Isso advém, talvez, da ideia de que antigamente sacrificavam-se animais e até mesmo pessoas, a fim de agradar a Deuses. É uma interpretação extremamente concreta do significado de sacrifício e que, ressalvados alguns poucos casos, não há de fato comprovação de que as coisas aconteciam assim (há apenas pinturas, que podem ser, assim como a maioria delas, simbólicas – ou alguém acredita que antigamente existiam serpentes maiores que barcos, serpentes plumadas, etc?).
Compreender essas pinturas e inscrições de forma concreta no que nos cabe e de forma abstrata no que não nos cabe é uma forma seletiva de interpretar uma ideia. De uma forma bem simplista, é como se no futuro, ao se depararem com o adágio “melhor um pássaro nas mãos que dois voando”, as pessoas concluíssem que esmagávamos pássaros ou algo do tipo, quando na verdade se trata de uma metáfora.
Nesse mesmo sentido, mas com sutis diferenças, há quem dirá que o sacrifício sempre será necessário e que é melhor que não seja de si. Existem pessoas que consideram que para tudo é necessário um sacrifício, mas nunca querem se sacrificar. É claro, vão existir outras que vão sempre estar dispostas ao sacrifício.
Mas em suma, nesse caso o sacrifício é compreendido como algo ruim, algo que vai exigir um grande esforço de si e que não vai gerar retorno algum. É uma concepção talvez muito egoísta da ação, mas o sacrifício acaba sendo vítima da ausência de empatia.
Há ainda quem irá separar a palavra sacrifício, método que sempre considero muito interessante, em duas, formando sacro ofício, ou seja, trabalho sagrado. Sacrificar-se, portanto, seria, em prol de um bem maior, assumir um trabalho sagrado. É uma concepção muito interessante e que com toda a certeza permeia a nossa realidade e acontece diuturnamente.
Muitas pessoas, em prol de bens maiores, vivem a sacrificar outros modos de vida que lhes trariam mais liberdade, menos responsabilidade, etc. Isso, com toda a certeza, é um tipo de sacrifício, um grande sacrifício, diga-se de passagem, já que é efetivamente abrir mão da própria vida para beneficiar outras pessoas.
Por último, mas não menos importante, existem sacríficos internos necessários para que possamos crescer. O sacrifício é crescimento, se não estivermos dispostos a sacrificar, a abrir mão de certas coisas em prol de outras, talvez sequer as merecemos.
Muitas vezes crescer, enxergar o novo, significa abandonar, sacrificar de vez o velho. É uma tarefa dolorosa e da qual muitas vezes nos furtamos, principalmente porque o atual sempre parece muito confortável. Mas lembrem-se: o bom é inimigo do melhor. Enquanto nosso ego estiver confortável, cada crescimento será um sacrifício. Um necessário sacrifício.
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