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O dia em que a Terra parou.

  • 8 de dez. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 9 de dez. de 2020

Era um mosteiro em algum lugar do mundo. Haviam muitos alunos, muitos mesmo. Todos estavam atentos, sentados, quietos, aguardando. Ao longe se ouviram três badaladas, três pesados movimentos de um grande sino. Era 01 de dezembro de 2020.


Ao início do silêncio total, quando o sino de fato voltou à inércia, entrou na sala um homem. Os alunos estavam todos vestidos com uma espécie de rakusu (roupão de monge zen budista), apesar de não ser exatamente igual. Já o homem, ele estava com poucas vestes e muito rasgadas. Sua barba, muito comprida, quase se arrastava pelo chão. Ele estava sujo, surrado mesmo, mas parecia com o corpo saudável.


Os alunos, homens e mulheres, todos olhavam aquela figura com um misto de susto com admiração. Eles estavam lá, todos, mestres e discípulos, sentados, como alunos, respeitando uma profecia de mais de mil anos, que se concretizaria naquele dia. Um homem viria, não se sabe de onde, não se sabe o porquê. Surgiria no salão principal após um longo período de meditação e traria a todos a notícia mais esperada dos últimos dois mil anos. O homem, que se sentou em um tapete reservado a ele em frente a todos, logo começou a falar.

- Queridos irmãos, obrigado por, mesmo que poucos de vocês, terem respeitado e seguido uma profecia de mais de mil anos. Aqui estou, devem estar se perguntando o porquê. Em frente a mim estão mestres e discípulos, juntos no mesmo estado de confusão ao me ver. Isso é importante ser refletido depois, já que o encontro com o desconhecido iguala os desiguais. Diante daquilo que não se conhece, diante daquilo sobre o que nada se sabe, mesmo o cheio de conhecimentos se iguala ao ignorante. Eis-me aqui, portanto, para cumprir a profecia. Escutem com a alma, não com o corpo. Fechem os olhos, abandonem os sentidos e percebam o que venho lhes falar. Há mais de dois mil anos se iniciou uma Era, conhecida por nós como “Era de Peixes”. Se trata de um ciclo da humanidade, uma etapa que faz parte da grande roda kármica de todo o globo. Da mesma forma com que cada pessoa possui seu karma, cada família também o possui, cada cidade, cada país, assim também o globo possui o seu. Como sabem, meus bem amados, o karma não é senão um presente. Uma oportunidade para expiar aquilo que fizemos, uma oportunidade para reparar o mal que temos causado aos nossos irmãos e, portanto, a nós mesmos. Somos um todo, um conjunto. Daqui exatamente 20 dias, no dia 21 de dezembro de 2020, finalmente se encerrará a Era de Peixes e entraremos na tão esperada Era de Aquário. A década pitagórica se satisfará nesse dia, assim como um alinhamento raro entre Saturno e Júpiter. O solstício de verão cairá sobre o hemisfério sul, assim como o de inverno sobre o hemisfério norte. Iniciaremos, finalmente, um período intenso de transformações, já que raios advindos do Sol Central penetrarão as grosseiras camadas deste lugar, despertando algumas estruturas adormecidas em nossa composição biológica. Os seres que têm buscado vibrar sob ondas mais elevadas serão os primeiros a serem afetados. Claro que nada vai acontecer repentinamente, mas finalmente iniciaremos o processo da tão esperada Era de Ouro. Nossos irmãos foram incapazes de interpretar com precisão os sinais preservados ao longo do tempo, deixados por civilizações antigas, e por isso erraram por tantas vezes esse cálculo. Mas agora é a hora. Em 20 dias, mantenham-se em constante meditação e recebam os raios que penetrarão calorosamente a superfície desse planeta. Acontecerão alguns eventos que muitos conhecerão como desastres, mas não se apeguem a essas emoções, mantenham-se no caminho da evolução. Chegou o momento em que o Mestre nos disse, agora os humilhados serão, por fim, exaltados. A última hora é agora e seus trabalhadores, que por tanto tempo esperaram para iniciar finalmente a sua jornada, agora terão a possibilidade de empenhar suas reais forças, agora despertas, em prol do crescimento e da evolução de nosso lar e de nossos irmãos. Não temam, pois não haverá castigo e tudo o que ocorrer faz parte dos desígnios de um plano maior e benéfico a toda a humanidade. É patente que nos unamos à Gaia, a nossa querida mãe Terra que tão solidariamente nos emprestou sua matéria, nos emprestou seu próprio corpo para que pudéssemos nos manifestar fisicamente. Nada que aqui existe é nosso, chegou a hora de respeitarmos nossa amada anfitriã. Não há ira ou revolta, mas se aos nossos olhos for o que parece acontecer... Nesse caso, meditai, pois sois tu a ira e a revolta. Fiquem todos em paz, estejam todos acompanhados do bem e não se esqueçam desta data, a mais importante dos últimos dois mil anos, 21 de dezembro de 2020.


O homem se curvou para todos, sentado, com suas mãos sobre os joelhos, a esquerda voltada para baixo, fazendo um círculo com o polegar e o dedo indicador, já a direita voltada para frente, com o polegar levemente encurvado, todos dedos esticados, exceto o mindinho que estava voltado para baixo. Após esse movimento, se levantou e saiu da sala.


Todos se mantiveram ainda por um tempo dentro da sala, em meditação. O homem nunca mais foi visto. O mosteiro estava fechado, em clausura, e nenhuma porta foi aberta para que ele entrasse. Apesar disso, ninguém ali se surpreendeu. As atividades foram retomadas e todos aguardam, ansiosamente, a data deixada pelo enigmático ser que lhes falou com tanta ternura.


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