Nos consideramos favoritos com relação a outras pessoas?
- 3 de dez. de 2020
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É interessante como lutamos diuturnamente por justiça, condenamos outras pessoas quando elas tomam ações que consideramos injustas, maldizemos políticos que auxiliam financeiramente parentes e beneficiam pessoas próximas, enquanto fazemos o mesmo em nossos círculos.
Não, não estou defendendo esse tipo de conduta. É um texto sobre a nossa hipocrisia. Quantos de nós já não defendemos com unhas e dentes um amigo que sabíamos, estava errado. Quantas vezes já não sacrificamos comportamentos virtuosos, abraçamos um vício, tudo isso para proteger uma pessoa próxima?
É hora de olharmos para nossas próprias atitudes para verificar se não estamos abrindo mão de virtudes que exigimos dos outros – e começar a nos tornar o ser humano que queremos ser. Por dentro nós todos já temos a receita, falta nos analisarmos e aceitarmos que muitas vezes erramos.
Hoje em dia é comum que pais defendam seus filhos contra professores nas escolas, o que a longo prazo acaba por criar pequenos “príncipes” e “princesas” que podem fazer tudo. Essas crianças, quando cresceram, vão estar muito vulneráveis a frustrações e isso será muito danoso para eles. Além disso, é provável que tenham dificuldades de se relacionar com outras pessoas, já que tentaram sempre se impor.
Elevamos nossos parentes além das outras pessoas, nos consideramos com mais pressa, por isso furamos fila, declamamos estar mais necessitados, por isso pedimos por preferência, mas a verdade é que não sabemos nada do outro. Mal conhecemos a nós mesmos (e estamos o tempo todo conosco), quanto mais conhecer uma outra pessoa; por mais que passemos 3 horas todos os dias com ela, nunca será o bastante.
Por tudo isso é necessário estarmos cada vez mais atentos para nossa própria conduta, começar a perceber se acaso estamos sacrificando virtudes para elevar pessoas. Isso infelizmente é um tipo de conduta considerada nobre em nossa sociedade, mas não há nada de nobre nisso. A nobreza está justamente em estar ao lado das virtudes, independente de tudo.
Toda máxima ao redor da ideia de proteger família, amigos, etc, acima de tudo, está rodeada da ideia de que existe apenas essa existência, essa vida. Tudo isso foi uma ideia criada para que um pequeno grupo pudesse exercer o poder através do medo; o medo de perder a única possibilidade de existência.
Assim, é preciso resgatarmos o amor pela virtude, por aquilo que é imperecível, em detrimento do perecível. Ao mesmo tempo, espalhar a ideia da justiça, do amor, da paz e de fato lutar por um mundo melhor, não apenas carregar uma bandeira e nas horas vagas agir de forma diversa. É preciso iniciar a exercitar a coerência.
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