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Identidade

  • 5 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

O que seria de fato a nossa identidade? Ao olharmos rasamente para nós mesmos podemos acreditar, com toda a certeza erroneamente, que somos exatamente aquilo que estamos a ser. Essa questão é complexa, mas é imprescindível para trilharmos o caminho do aprimoramento.


A todo o momento estamos a ser um tipo de pessoa, muitas vezes específico, que acreditamos ser a nossa essência. No entanto precisamos parar e pensar algumas questões, como: Qual parte de nós é anseio social? Qual parte de nós é anseio familiar? Qual parte de nós é medo de desagradar? Qual parte de nós é fuga de nos encontrar?


A busca pela nossa real identidade é uma busca muito conflituosa porque significa, muitas vezes, travar uma guerra entre o status quo, que já se constitui no ego, e a nossa essência. Ocorre que essa última não tem tanta autonomia consciente, porque a consciência é dominada pelo ego, que impõe uma série de obstáculos para que não perca “o controle”.

Resta à nossa essência, muitas vezes, se comunicar por sonhos, por meio de momentos transcendentes meditativos, etc, para que possa nos dizer algo como: ei, você está perdido de sua essência. Mas o ego, já com os mecanismos de vivência e percepção desse mundo, tende a boicotar essa busca, colocando os sonhos e insights meditativos muitas vezes em um mundo estritamente fantasioso.


Quem de nós nunca acordou ou saiu de uma meditação com a certeza que deveria agir de tal forma, mas depois, no decorrer do dia (ou dos dias) foi aceitando que aquilo não tem tanto sentido? É o ego vencendo a batalha. O ego vai minando a intuição, porque ele não quer perder o controle.


O ego é uma construção mista, feito de uma miscelânea de cultura familiar, social, grupal, um pouquinho de nós, dentre outras coisas. Esse mix é o que cria algumas personas (máscaras) para que possamos agir no mundo. Transcender esses mecanismos, encontrar nossa própria identidade e nos manifestar independente de tudo isso é uma tarefa árdua, muito difícil, mas de certa forma deveria ser um objetivo para todos.


Encontrar a própria identidade, conhecer aquele Ser que vive dentro de nós e que se manifesta de vez em quando, mesmo que aos poucos, vai sucessivamente melhorando nossas relações e nossa convivência. Isso acontece porque o orgulho é atrelado ao ego, o egoísmo é atrelado ao ego, o ego é quem vive se ofendendo, se machucando, porque ele é fruto de nossas experiências.


Iniciar a busca de nós mesmos pode ser um ponto crucial em nossa existência, pois a própria análise prévia do que temos sido até agora nos fará perceber, sucessivamente, que existe uma sequência de erros acontecendo em nossas vidas, de forma automática, e que precisamos cessar esse processo.

A diferença entre o que somos e o que queremos ser pode ser algo colossal e é importante detectar em que áreas da vida ela está acontecendo, para que nos redirecionemos para o caminho que gostaríamos de trilhar.


Se tornar um Ser individual não tem a ver com egoísmo ou individualismo, mas sim com abandonar os processos sociais de padronização aos quais somos submetidos o tempo todo. Ao abandonarmos esses processos começamos a perceber o que a sociedade tem esperado de nós e como ela tem nos moldado.


O primeiro passo para abandonar as correntes da caverna de Platão é compreender que nós não somos a corrente. Enquanto nos identificarmos com as correntes e acreditarmos que elas fazem parte de nós, continuaremos acorrentados. A busca pela nossa própria identidade nos revela essa noção: a de que existem coisas que sempre estiveram conosco, mas que não são de fato nossas.


Dessa forma, podemos concluir que tão bom quanto para nós mesmos, quando iniciamos a busca pela nossa própria identidade também fazemos um bem coletivo. Isso porque as pessoas ao redor começam a perceber mudanças em nosso comportamento e a perguntar o que é que temos feito. Nesse momento, talvez a melhor resposta seja: “tenho tido encontros comigo”.


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