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Em busca do tesouro. Parte 2

  • 17 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

O jovem ficou todo o dia pensando na frase do senhor. Aquela frase reverberara nele como nada nunca o tinha afetado antes. Após o expediente, foi até a pensão em que se hospedara e, sem conseguir dormir, passou a noite a refletir.


O jovem refletiu se a sabedoria está em tudo, e estamos nela, as sensações que passei no deserto seriam parte da sabedoria? Pareciam ser demais aquelas afirmações e, de alguma forma, poderiam também estar erradas. De toda sorte, a sabedoria era para o jovem o melhor tesouro, como poderia o melhor tesouro produzir algum tipo de moléstia, como produzir cansaço extremo, tremor, excesso de calor, enfim, coisas que poderiam levar à morte?


Além disso, como poderia o jovem estar longe do fim de sua jornada, mas ao mesmo tempo próximo dela? Será que a sabedoria estaria bem debaixo de seu nariz, mas ele não podia vê-la? O que estava acontecendo?


Depois de uma noite quase que inteira acordado e refletindo, o jovem caiu em sono profundo. Ele teve um sonho, que aconteceu mais ou menos assim:

“Ele não fazia parte do sonho, apenas observava ao longe. Haviam três pássaros, de cores e formas distintas. Eles pareciam brigar entre si. Um dizia que ele era o mais belo, por isso merecia o céu. Outro dizia que, pelo contrário, ele era o mais belo e somente ele merecia o céu. O último, também irritado, dizia ser o mais belo, por isso o céu era dele. Por fim eles brigaram tanto que se feriram e não puderam mais voar. Assim, ficavam apenas andando pela terra e admirando o céu. Eles foram abatidos por uma intensa infelicidade, já que não podiam mais voar e apenas se contentavam com a terra. Foi aí que, de repente, surgiu uma galinha. Essa galinha, feliz e realizada, encontrou os três pássaros e quis saber o porquê de sua tristeza. Rapidamente disseram que não podiam mais conhecer o céu. A galinha, assustada, lhes disse que a terra é que produzia os maiores tesouros, que na terra estava o que era realmente importante. Que eles deveriam ficar felizes por não ter perdido a terra. De repente o jovem se afastou e saiu do planeta. Ele viu, do espaço, um globo azul. Um só lugar, onde estavam céu e terra. Então ele acordou”.


Esse sonho foi bastante significativo e o jovem mal conseguiu trabalhar no dia seguinte. Apesar da simplicidade dos acontecimentos, eles estavam carregados de sentidos. Percebendo sua inquietação, o patrão lhe perguntou o que acontecera. Então, o jovem lhe contou o sonho.


Assustado, seu patrão deu boas risadas e disse ao jovem que esquecesse aquilo, falou que nossos sonhos representam apenas o que a gente vive e que não são coisas com as quais temos que nos preocupar. O jovem, claro, não engoliu essa justificativa.


Mas mesmo a fala do patrão lhe causou arrepios. Onde ele via algo, seu patrão não via nada. E se houvesse algo em tudo e ele não podia ver? O que o prepararia para ver? A galinha, realizada com a terra, os pássaros, depressivos e infelizes nela. A terra era a mesma, que aliás no final das contas era um conjunto único com o céu. O que estava acontecendo?


Com mais perguntas que respostas, o jovem decidiu seguir viagem. Foi para outra cidade, onde buscaria não mais a sabedoria, mas sentido dentro das suas próprias sensações. Ele começou a pensar que talvez ele estivesse de fato dentro da própria sabedoria, mas não fosse ainda capaz de enxerga-la com precisão.


O tempo o guiará.


Continua na próxima terça.


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